Durante muitos anos os correios em Ota estiveram na minha casa.
Era um Posto de Correios, onde quase tudo inerente aos mesmos, se fazia. Desde venda de selos,, telegramas, vales, encomendas, valores declarados (cartas onde se enviava dinheiro), aerogramas ( serviço especial de correspondência que servia para enviar para o Ultramar) e serviço de telefone, pois na altura quase ninguém o tinha, tinhamos de facto muito movimento. Lembro-me que quando do terramoto em 1969 ninguém da minha casa teve direito a comer senão eu e o meu irmão que na altura teria meses. O telefone não parava de tocar, as pessoas corriam aos correios para ligar para os seus familiares, enfim foi uma situação complicada para todos.
Nesta altura também ainda não existia a distribuição de correios, o carteiro deixava o correio em nossa casa por volta das 8,30 da manhã para que os meus pais colocassem as cartas, de forma a poderem ser lidas em voz alta cerca das 9 horas. A casa enchia para saber quem tinha ou não correspondência. As piores situações surgiam quando eram enviados telegramas de hospitais a informar que determinada pessoa que lá se encontrava internada, tinha falecido. Era sempre angustiante e complicado. Uma vez enviaram um telegrama do hospital de S. José a informar que tinha falecido alguém cujo nome era igual a uma residente na minha terra, bom foi terrivel esta situação.
Hoje o PC1 da Ota , assim se chama o Posto, faz praticamente tudo e ainda paga pensões, recebe cobranças, e está devidamente computorizado.
Mas todo esta descrição vem com um propósito bem definido, uma carta normal nos meus tempos de miúda custava 5 tostões e no outro dia estava no destino, e as estradas eram poucas e más, hoje paga-se 31 cêntimos, qualquer coisa como 63 escudos e só chega sabe Deus quando e as estradas são imensas e melhores.
Que evolução!