Hoje decidi prosseguir com um pouco mais da história da minha vida.
Já falei do meu primeiro grande amor. Foi dificil esquecer, talvez porque na aldeia os rapazes nunca foram muito sensiveis, ou muito acessiveis para grandes conversas. Aceitavam-me porque me viam como um deles e não uma deles.
Eu sempre gostei de conversar, e achei que um homem devia de ter compreensão para analisar os problemas das mulheres e não, quando estavam com elas, devorarem com os olhos o rabo as pernas e tudo o resto.
Eu sentía-me pessimamente sempre que isto acontecia. Sentía-me um rebuçado ou qualquer coisa comestível para os homens. Por vezes tinha a sensação que até via a baba cair em alguns deles.
Bom deixemo-nos de coisas tristes e passemos aos factos.
Aos vinte e poucos anos, tive a ilusão que me tinha apaixonado por um vizinho mais velho que eu 9 anos. O namoro ainda durou alguns meses largos. O namoro naquele tempo era muito soft. Muito respeito, muito tudo.
Beijos nem vê-los. E de repente achei que não era o homem ideal para mim. Porquê? Porque não houve quimica,não houve a confiança que para mim era fundamental. Ainda hoje penso que uma relação sem um grau de confiança de ambas as partes, não sobreviverá muito tempo, então provavelmente é melhor não prosseguir.
Foi este o ponto que me fez apaixonar por aquele que é hoje o meu marido. Nunca me proibiu o que quer que fosse. Respeitou o meu espaço, tal como eu o dele. Ainda hoje assim é.
Dois anos mais tarde desta relação fracassada, conheci o meu marido.
Conhecemo-nos num baile, namorámos em bailes e penso que o casamento até deveria de ter sido num baile. Porque não?
Acredito que muitas das minhas amigas não acreditaram muito nesta relação, até porque o meu marido era tropa, o que significava que finda a mesma, ele partia para sempre.
A verdade porém é que assim não aconteceu.
A minha familia( tios, avó e mãe) tinham a máxima confiança em mim. Compreende-se, eu só via o futebol e sempre se viu mais amor à bola que ao homem.
Acabou a tropa, o meu marido, na altura namorado, terminou a tropa e despedimo-nos num até qualquer dia a soar a despedida para sempre.
Nem dois meses depois, ele estava ao meu lado, a distância da terra dele para a minha era de cerca de 400 km., mas o amor é louco. Durante algum tempo namoramos uns quantos meses à distância e um mês e ver-nos todos os dias, ou seja, emprego para o meu namorado era dificil, pois pelo menos de dois em dois meses vinha ter comigo, e dormia em minha casa, entenda-se casa dos meus pais.
Assim namoramos talvez durante um ano, as coisas foram ficando um pouco descontroladas, pois cada vez que nos encontrávamos a paixão saltitava que nem uma louca. Numa dessas noites, perdi a minha virgindade, pelo meio um susto enorme, ía sendo apanhada pela minha mãe.
As despedidas eram cada vez mais dificeis, e numa noite de amor e medo...sim, porque isto de fazer amor na casa dos pais era complicado, fabriquei a minha filha.
Jesus, a maria rapaz foi capaz de fazer uma coisa dessas? Era a pergunta que toda a gente fazia. E eu pensava... mas então, não tenho os mesmos desejos, as mesmas ansiedades que todas as outras ?
Mas o problema foi a grande desilusão que causei à minha avó, meu Deus, a neta que frequentava a igreja, que era escuteira, que era um exemplo a seguir, engravidou, solteira.
Senti-me terrivelmente mal, acima de tudo porque nessa noite, nem sequer fui capaz de saborear uma noite de sexo decente, a minha mãe uma vez mais surgiu pela frente, e eu perguntei tanta vez, porquê, meu Deus, fizemos tudo a fugir, e engravido?
Confesso, não estava preparada para ser mãe, esposa e acima de tudo ganhar juizo.
Queria abortar, e mandar tudo ás malvas, a minha mãe não deixou e o meu marido, disse-me que a nossa vida iria melhorar pois já tinha arranjado trabalho e nunca mais tinhamos de nos despedir.Lá me convenceu, e casamos.
Mas ainda penso muitas vezes na grande desilusão que causei à minha avó, por vezes ainda é como se visse o seu olhar de dor e desapontamento pelo que fiz.
Em relação à minha mãe, nunca a enganei, ela sempre soube que aquele divã, deveria ter muitos beijos e muitos suspiros para contar.
Amanhã, irei escrever sobre a minha lua-de-mel.